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Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou senão para sair do inferno. (Antonin Artaud)

Bill Evans

Bill Evans

Meu sentimento com relação ao jazz é de que o nível musical dos seus protagonistas é absurdamente magnifico. A criatividade não é uma coisa que vem do nada... Observe, por exemplo, a que ponto chegou a expressão artística deste cara... Pincei alguns momentos deste gênio (sem entrar muito no histórico) que julgo serem representativos da sua extensa obra...


Bill Evans viveu pouco mais do que cinquenta anos, tendo nascido a 16 de agosto de 1929 e falecido a 15 de setembro de 1980. Porém, foi um dos pianistas mais avassaladores e inovadores do século XX.

Bill Evans revela nas suas composições e performances, características e técnicas musicais relacionadas ao estilo, harmonia, andamento, métrica, tonalidade, forma, duração, ritmo e outros detalhes, herdados de eruditos clássicos como Bach, Chopin, Debussy e Ravel os quais foram as suas primeiras referências. Além dos clássicos sempre citados, Evans dizia: “De Nat ‘King’ Cole pego o ritmo e a economia; de Dave Brubeck, um voicing particular; de George Shearing também um voicing, mas de outro tipo; de Oscar Peterson, o swing poderoso; de Earl Hines, o sentido estrutural. Bud Powell é completo, mas mesmo dele eu não pegaria tudo...”. Lennie Tristano, Horace Silver, Sonny Clark contribuíram, como pianistas de jazz, na sua formação embora prestasse muita atenção nas coisas que ouvia de Miles Davis, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Stan Getz e George Russell, aliás após se graduar no Southeastern Lousiana College e se mudar para Nova Iorque, ele estudou e gravou com Russell, que havia desenvolvido um trabalho teórico chamado The Chromatic concept of tonal organization for improvisation (for all instruments). "O conceito é baseado na convicção de Russell de que a escala Lídia com seu quarto grau aumentado, como meio de improvisação, é mais compatível com a tonalidade da escala maior do que a própria escala maior". O mundo melódico e harmônico de Russell foi rapidamente absorvido por Bill Evans (PETTINGER, 1998, p.32). Esses conceitos começam a aparecer regularmente nas composições e improvisações de Evans. Um exemplo é Time Remembered (ouça através do link baixo indicado), na qual todos os acordes maiores contêm uma #11 (décima primeira aumentada), indicando a presença da escala Lídia. Outro exemplo é Twelve Tone Tune Two (ouça através do link abaixo indicado), na qual todos os acordes são maiores, com instruções para o improvisador utilizar o modo Lídio em todos os acordes.

(It was recorded for the first time in 1962 for the album Loose Blues)

(It was recorded for the first time in 1973 for Tokio Concert Live Album)


Considerado um dos pianistas de jazz mais notáveis de todos os tempos, Bill Evans revolucionou a maneira de tocar o jazz no piano, especialmente pela sua nova abordagem de sonoridade e da harmonia, influenciando pianistas como Herbie Hancok, Chick Corea, Keith Jarret, Hapton Hawes, Paul Bley, Michel Petrucciani e muitos outros. Evans mudou a linguagem do piano no jazz moderno, incorporando procedimentos harmônicos derivados dos impressionistas franceses, forjando um estilo coletivo conhecido pelo contraponto ao mesmo tempo rítmico e fluido. É extremamente difícil para um ouvinte não versado nos meandros da estrutura musical, compreender tecnicamente a composição melódica, harmônica e rítmica, com suas passagens cromáticas e as improvisações complexas, mas sempre pertinentes do estilo composicional de Evans... O que se percebe (no ouvido do leigo) é o lirismo sofisticado expressa através de uma harmonia sonora muito agradável. Ouça, por exemplo (no link abaixo indicado) um dos seus maiores clássicos: Waltz for Debby do álbum homônimo que ele escreveu em homenagem a sua sobrinha:

Waltz for Debby -1962


Este álbum é amplamente considerado um dos melhores do cânone de Evans, e o tipo de interação emotiva entre os músicos, que em alguns pontos parecia quase desconstruída, serviu de modelo para o trio de piano.

1. My Foolish Heart 
2. Waltz for Debby 
3. Detour Ahead
4. My Romance
5. Some Other Time
6. Milestones

Bill Evans - piano
Scott LaFaro - baixo
Paul Motian - bateria


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Poucos álbuns na história da música contemporânea americana podem ser mais merecedores do que este da designação "Original Jazz Classic". É o primeiro de dois álbuns do Riverside derivados da lendária aparição final do primeiro trio de Bill Evans - gravado durante o último dia de um noivado com o Village Vanguard, apenas dez dias antes da trágica morte do baixista Scott LaFaro. As gravações há muito são reconhecidas como capturando a essência da interação única de três vias que caracterizou o trio; este álbum é ainda mais distinguido por sua ênfase no trabalho solo e nas composições do inovador LaFaro.

“Depois de atuar como sideman de nomes como Tony Scott, Chet Baker, Cannonball Adderley e Miles Davis (contribuindo para o fabuloso Kind of Blue com o último), Evans formou seu primeiro e talvez o maior trio no final de 1959 e lançou cinco LPs que iriam definir a arte do trio. Junto com o baixista prodígio Scott LaFaro e o baterista Paul Motian, Evans aperfeiçoou sua visão democrática de cooperação do trio, onde todos os membros se apresentaram com perfeita empatia e telepatia. Três desses cinco LPs detalhavam as performances desse trio em uma tarde de domingo em meados de 1961 no lendário Village Vanguard de Nova York. São essas apresentações, atualmente disponíveis como domingo no The Village Vanguard e Waltz for Debby, que constituem a melhor gravação de jazz ao vivo de Evans. Confira através dos links abaixo:


Live At The Village Vanguard, NYC; 6/25/1961

Gerações contemporâneas travam conhecimento com Sunday at the Village Vanguard sabendo, de antemão, tratar-se de um dos maiores álbuns de jazz de todos os tempos. Fato que pode influenciar, para o bem ou para o mal, na fruição do LP lançado pelo Bill Evans Trio em 1961. Mas a tentação de tirar o trabalho de seu pedestal acaba rapidamente, graças à fluidez do registro ao vivo.

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You Must Believe in Spring


You Must Believe in Spring é o septuagésimo álbum de estúdio de Evans com o baixista Eddie Gomes e o baterista Eliot Zigmund em agosto de 1977, e lançado após a morte de Evans em setembro de 1980. O álbum foi a última sessão de gravação de Evans com Gomez no baixo, que saiu depois de onze anos com Evans para seguir outros projetos musicais. No mesmo ano, Evans também gravou a canção-título em dueto com o vocalista de jazz Tony Bennett em seu segundo álbum, Together Again.


Os dois originais do álbum, de Evans, são dedicados a sua esposa Ellaine Schultz e seu irmão Harry, que se suicidaram... O álbum também apresenta a música Theme de Johnny Mandel de M * A * S * H ​​(Suicide Is Painless) .

Rhino relançou o álbum em CD em 2003 com três faixas bônus adicionadas, incluindo uma versão da única música de Kind of Blue que Evans não tocou, "Freddie Freeloader". O encarte, do produtor de relançamento do CD Richard Siedel, indica que Evans toca piano elétrico em "Without a Song"; em caso afirmativo, não é audível na pista. No entanto, dentro da lista de pessoal na versão de relançamento do CD, Evans é creditado com Piano Acústico e Elétrico apenas em "Freddie Freeloader". A interpretação começa no piano acústico e muda às 3:43 para o piano elétrico Fender Rhodes na maior parte da duração da peça. Após o solo de bateria animado de Zigmund às 6:52, Evans continua tocando piano acústico até o final. Confira através dos links abaixo:

1. B Minor Waltz(For Ellaine)
2. You Must Believe in Spring
3. Gary's Theme
4. We Will Meet Again(For Harry)
5. Sometime Ago
6. Theme From M*A*S*H(Suicide Is Painless)
7. Without A Song(Does not appear on LP configuration)
8. Freddie Freeloader(Does not appear on LP configuration)
9. All of You(Does not appear on LP configuration)


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"No comparto la idea de que el juicio de un músico no profesional sea de menor valor que la de un músico profesional. De hecho, a menudo confiaria mas en el juicio de un músico no profesional sensible, que en el de un profesional, pues este, por su constante implicación con la mecánica de la música, debe luchar por conservar una identidad que el no profesional ya posee." -Bill Evans


Em 1966, o lendário pianista de jazz Bill Evans sentou-se com seu irmão compositor, Harry Evans, para uma conversa intensa e profundamente perspicaz lançada posteriormente como Universal Mind of Bill Evans: The Creative Process and Self-Teaching. Do cineasta William Meier vem esta linda adaptação cinematográfica dos pensamentos de Evans sobre a qualidade autodidática da criatividade e o valor de trabalhar na interseção de clareza, complexidade e espontaneidade. Todo o processo de aprender a facilidade de tocar jazz é levar esses problemas do nível externo para dentro, um por um, e permanecer com eles em um nível de concentração consciente muito intenso até que esse processo se torne secundário e subconsciente. Agora, quando isso se tornar subconsciente, você pode começar a se concentrar no próximo problema, o que permitirá que você faça um pouco mais. Assista no link abaixo:

(Versão legendada em espanhol)


Em uma carta de 1915 para seu filho pequeno, Albert Einstein aconselhou que a melhor maneira de aprender qualquer coisa é “quando você está fazendo algo com tanto prazer que não percebe que o tempo passa”. Muitas décadas depois, os psicólogos dariam um nome a este estado distinto e estimulante de aprendizagem imersiva e autoiniciada e crescimento criativo: fluxo. Repetidamente, artistas, escritores, cientistas e outros criadores descreveram esse estado como a chave para a “eletricidade espiritual” do trabalho criativo.

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Chet Baker e o Cool Jazz



Chet Baker e o Cool Jazz

Importante: Este texto expressa uma visão bastante pessoal e minimalista (a minha) da trajetória musical de Chet Baker com suas principais influências, influenciados e parceiros dentro do cenário jazzístico. Procurei colocar em evidência um material (audível) para consulta comparativa de dois momentos: Bebop e o Cool (também chamado equivocadamente de West Coast Jazz), ou seja: nada como ouvir os negos e entender as diferenças. Minha intenção única foi a de enfatizar a importância de Baker no contexto musical da época... (Aliás de todas as épocas....). Um farto material biográfico disponível na internet (inclusive neste Blog), restringiu aqui (para não ser repetitivo ou redundante), um aprofundamento em detalhes já bastante explorados deste cara.

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Comenta-se, pelos estudiosos e entendidos, que o Cool teve como origem, conforme o próprio título sugere, o álbum Birth of Cool de Miles Davis gravado entre 1948 e 1950. Este álbum de compilação (da Capitol) seguiu a proposta lançada por Gil Evans onde a ideia era explorar novas texturas instrumentais, preferindo misturar as “vozes” das trompas como um coro, em vez de colocá-las umas contra as outras como as big bands, tradicionalmente faziam, com suas seções de ataque e defesa. Eles reduziram o ritmo denso e veloz de sua música... Adotaram uma abordagem buscando uma suavidade melódica mais lírica para a improvisação. Confira abaixo as músicas que compõem este incrível e histórico trabalho de Miles Davis, remasterizado:


Birth of Cool - Sessões de Estúdio:


Birth of Cool - Sessões ao Vivo



A título de comparação entre os estilos, disponibilizamos abaixo também, algumas músicas da extraordinária performance Bebop registrada no Town Hall, New York City em junho de 1945, tendo como protagonistas: 

Saxophone – Charlie Parker
Bass – Curley Russell
Drums – Max Roach & Sidney Catlett
Piano – Al Haig
Trumpet – Dizzy Gillespie

Dizzy Gillespie - Charlie Parker – Town Hall, New York City, June 22, 1945



1. Hot House
2. Fifty Second Street Theme
3. Dizzy Atmosphere
4. Salt Peanuts
5. Sweet Georgia Brown
6. I Waited for you (Theme)


Diante do exposto, observa-se claramente que o Cool Jazz seguia na contramão do Bebop. Possuía uma atmosfera poética, mais romântica e quase retomou, em alguns momentos, a característica dançante do Swing de Duke Ellington, Louis Armstrong, Woody Herman e Benny Goodman entre outros, visto que o, em voga Bebop, devido a complexidade melódica e fraseado nervoso, era apenas executado por um pequeno grupo de virtuosos encabeçados por Charlie Parker e Dizzy Gillespie. Era música apenas para ser ouvida... Essa nova corrente jazzística (o Cool) ia bem de encontro com as aspirações criativas  de Baker...

"Por lo que se refiere a mis recuerdos de Chet, sería necesario otro libro entero para empezar siquiera a arañar la superficie: cómo jugaba la luz del sol en sus pómulos marcados; la suave curvatura de su brazo cuando sostenía la trompeta; cómo se le ahondaban los ojos, cómo miraba lejísimos al tocar. Son rápidos fogonazos de él que surgen de improviso y que me hacen un nudo en la garganta." (Carol Baker, 1997 - Como si tuviera alas las memorias perdidas - Barcelona)

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Chesney Henry Baker - Chet Baker - (29.12.1929 Yale - Oklahoma) nascera numa família problemática: O pai alcoólatra e desempregado enquanto que a mãe, desde sempre, manifestou uma obsessiva superproteção (seguramente mais que doentia) por ele, que marcou toda sua curta vida. Chet Baker, que foi um autodidata como trompetista, era um "protegido" de Charlie Parker, sempre apresentou uma fisionomia tristonha... pensativa... acanhada... bem como observava-se claramente, nas suas performances, o lirismo interagindo coerentemente com a postura e gestualidade corporal, de onde fluíam sentimentos transparentes e personalidade estranhamente cativante: Dor... desejo... medo... êxtase... amor... Tudo ao mesmo tempo. A peculiaridade da voz andrógena de pequena amplitude sonora, porém de extrema atitude e fascínio, evidenciava surpreendente eloquência e afinação (aliás foi um dos ídolos de João Gilberto, o nosso João), bem diferente dos potenciais sonoros de Billy Eckstine, Frank Sinatra, Nat King Cole e Bing Crosby. Sugeriam alguns observadores que ele fosse bissexual ou até homossexual devido a delicadeza melancólica de suas apresentações: colocações infundadas!

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Talvez essa coisa de partitura seja boa para aqueles que não tem ouvido ou capacidade de criar” (Chet Baker, numa entrevista a Mike Nevard, do Melody Maker)

O estilo cool de cantar, naturalmente adotado por Baker, só foi possível graças ao desenvolvimento técnico do microfone de carbono de alta fidelidade e amplificadores que conferiam qualidade, volume e precisão sonora sem necessidade da projeção forçada da voz que se verificava nos discos anteriores aos anos 30 e em alguns casos até meados dos anos 40.

Embora o aspecto vocal intimista, sui generis, abordado até aqui, seja um marco neste contexto, foi o trompete executado com a grande ênfase sentimental, que notabilizou Baker como um dos mais expressivos jazzistas de todos os tempos. A suavidade harmônica com precisão tonal, fraseado longo, improvisos elegantes e sofisticados, quase sem se valer do vibrato praticado pelos trompetistas do Bebop, foi uma característica bastante criticada pelos tradicionais jazzistas de carteirinha. 

Formulação: interação da voz e do corpo com a música "uma sensação de que ser cool era uma tampa num recipiente de emoções explosivas" (GAVIN, James. "No fundo de um sonho: A longa noite de Chet Baker", 2002)

Chet Baker era uma pessoa de relacionamento difícil. Introspectivo, dificilmente olhava nos olhos de alguém. O seu jeito de tocar, apontando o trompete para o chão, conotando por um lado uma aparente timidez, mostrava simultaneamente um outro lado charmoso e sedutor, vulnerável... suscetível... Ele despertava com sua presença, como um símbolo sexual, o interesse de mulheres e homens em se aproximar não só para ouvi-lo, mas para ampará-lo pois lastimavam, quase unanimemente, que ele caminhava a passos largos para um final de vida desastroso devido ao uso indiscriminado de drogas pesadas (cocaina, heroina, ópio...)

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Chet Baker participou, em sinergia, de diversos e inesquecíveis encontros, com o saxofonista Gerry MulliganMulligan foi o cara que produziu e propôs gravações de quartetos sem piano, mas com o uso da técnica do contraponto (técnica musical em que duas ou mais melodias são executadas ao mesmo tempo levando em conta a interação entre elas). Destacamos, abaixo, um dos primeiros trabalhos desta dupla. Observe a sintonia com o estilo Cool de Miles Davis:  

Chet Baker & Gerry Mulligan - Nights At The Turntable - 1952





Chet Baker Sings é o álbum de estréia vocal de Chet Baker, lançado em 1954 por Pacific Jazz Records. Em 2001, o álbum recebeu o prêmio Grammy Hall of Fame. Baker voltaria às seleções deste álbum ao longo de sua carreira. "My Funny Valentine" era regularmente incluída em suas apresentações e é considerada por alguns como sua canção característica.

Chet Baker Sings - 1954


1. That old feeling 00:00 
2. Its always you 03:04 
3. Like someone in love 06:38 
4. My ideal 09:04 
5. Ive never been in love before 13:24 
6. My buddy 17:54 
7. But not for me 21:13 the best!! 
8. Time after time 24:17 
9. I get along without you very well 27:04 
10. My funny valentine 30:03 
11. There will never be another you 32:23 
12. The thrill is gone 35:24 
13. I fall in love too easily 38:14 
14. Look for the silver lining 41:35


My Funny Valentine é uma canção do musical Babes in Arms (1937), composta por Richard Rodgers e Lorenz Hart. Na peça original, um personagem chamado Billie Smith (interpretada por Mitzi Green) canta a canção para Valentine "Val" LaMar (interpretado por Ray Heatherton). Na canção, Billie satiriza algumas das características de Valentine, porém por fim afirma que ele a faz sorrir, e que ela não quer que ele mude. A canção entrou pela primeira vez nas paradas de sucesso em 1945, interpretada por Hal McIntyre e Ruth Gaylor; permaneceu por apenas uma semana nas paradas, e chegou à 16ª posição. A canção fascinou Baker assim que foi apresentada. Ela parecia captar tudo o que ele aspirava enquanto músico: frases ligadas e sofisticada investigação de um tema... Foi a partir daí que Baker começou também a cantar... e a encantar... 

Chet Baker - My Funny Valentine (Full Album) - 1956


1. 00:00​ - My Funny Valentine
2. 02:21​ - Summer Sketch
3. 07:01​ - Alone Together
4. 13:52​ - I Remember You
5. 17:04​ - I've Grown Accustomed to Her Face
6. 21:19​ - If You Could See Me Now
7. 26:35​ - Time on My Hands (you In My Arms)
8. 31:07​ - But Not for Me
9. 34:11​ - The Thrill Is Gone
10. 37:03​ - How High the Moon

Como não poderia deixar de ser, a sua ingênua vulnerabilidade mental permitiu a aproximação de traficantes oportunistas que lhe apresentaram a disponibilidade de um imenso universo de drogas. Para Baker aquilo era o céu visto que adorou ficar chapado, ou seja, fora da realidade... Desconectado do mundo... Foi preso várias vezes por fumar maconha que, aliás, era coisa de criança quando comparada ao cardápio de drogas a ele disponibilizado... a questão crucial era só uma: ter grana pra comprar essa montanha de drogas... 

Exceto sua mãe, Baker não gostava de ninguém e os seus relacionamentos tinham apenas um objetivo: usar estas pessoas com a finalidade principal de obter drogas...

***

Um dos discos mais importantes de Baker foi o Chet Baker with Strings, uma tentativa de popularizar ainda mais o jovem trompetista, seguindo uma moda da época: o disco com acompanhamento de cordas. Zuza Homem de Mello, produtor musical e historiador brasileiro foi um dos primeiros a se pronunciar no país a respeito de Baker:
“Pensei: ’Será que isto é mesmo um trompete? Acho que é um saxofone. Nunca tinha visto aquele som antes’. Minha concepção do trompete precisava ter um vibrato como Louis Armstrong ou Harry James. [...] Ouvi o disco todo e era diferente de tudo o que ouvira na minha vida. Era como uma porta se abrindo.” 

Chet Baker & Strings - 1954


Pra não ficar muito enfadonha esta postagem, separei mais três dentre os mais de 150 álbuns digitalizados que possuo do Chet Baker que com certeza são essenciais:

The Touch of Your Lips - 1979



1. I Waited for You
2. But Not for Me
3. Autumn in New York (Take 1)
4. Blue Room
5. The Touch of Your Lips
6. Star Eyes
7. Autumn in New York (Take 2)


Chet Baker – trumpet, vocals
Doug Raney – guitar
Niels-Henning Ørsted Pedersen – bass


Blues For a Reason -1984

1. Well Spoken
2. If You Could See Me Now
3. We Know It's Love
4. Looking Good Tonight
5. Imagination
6. Blues for a Reason
7. Looking Good Tonight (Take 2)
8. We Know It's Love (Take 2)

Chet Baker - trompete
Warne Marsh - saxofone tenor
Hod O'Brien - piano
Cecil McBee - baixo
Eddie Gladden - bateria

Essa combinação funcionou muito bem. Pelo que pode ter sido a única vez em suas carreiras, o trompetista Chet Baker e o saxofonista tenor Warne Marsh se uniram em um quinteto (que também incluiu o pianista Hod O'Brien, o baixista Cecil McBee e o baterista Eddie Gladden ) para esta sessão de Criss Cross. O relançamento em CD adiciona duas tomadas alternativas às seis canções originais, que consistem em "If You Could See Me Now", "Imagination", "Well Spoken" de Marsh e três originais de BakerFoi em 1984 que Chet Baker se encontrou com o saxofonista Warne Marsh para uma sessão de estúdio completamente fora do seu estilo. Os solos são mais rápidos, as notas mais velozes e, em vários momentos do disco, a velocidade é tanta que se torna impressionante. Este disco, que devido à distribuição limitada acabou por nunca explodir, ainda nos reserva belas baladas. Não deixa de ser irónico que enquanto o consumo de droga ia encolhendo a vida de Chet, a sua música ficava cada vez mais expansiva.


Four - Chet Baker in Tokio - 1987


1. 00:00​ Stella By Starlight  
2. 10:50​ For Minors Only 
3. 18:31​ Almost Blue 
4. 26:26​ Portrait In Black And White 
5. 42:13​ My Funny Valentine 
6. 55:26​ Four 
7. 01:02:56​ Arborway 
8. 01:16:57​ I'm A Fool To Want You 
9. 01:28:22​ Seven Steps To Heaven 
10. 01:36:19​ For All We Know 
11. 01:45:17​ Broken Wing

Bass – Hein Van de Geyn 
Drums – John Engels 
Piano – Harold Danko 
Trumpet – Chet Baker 
Vocals – Chet Baker

Quando ouvimos falar quem conhecia Chet, quem tocou com ele, quem o ouvia tocar, não é raro surgir um elogio ao seu ouvido. Aliás, mesmo tendo começado a estudar Teoria Musical, nem há certezas de que ele lesse pautas. E tudo isso era por causa do raro ouvido que tinha e que brilha neste Live in Tokyo. Porque para tocar assim, com solos em jeito de disrupção e harmonias infinitamente diferentes de cada vez que eram tocadas, não era preciso só saber tocar. Era preciso ouvir o que mais ninguém ouvia. Este é sem dúvida um dos melhores momentos de Chet Baker... Seguro...  Criativo... Eloquente... O auge da maturidade artística.


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Dossiê Beatles

 





Caetano Veloso

 


O movimento que, nos anos 60, virou a tradição da música popular brasileira (e sua mais perfeita tradução - a bossa nova) pelo avesso, ganhou o apelido de "tropicalismo". O nome (inventado pelo artista plástico Hélio Oiticica e posto como título em uma canção minha pelo homem do Cinema Novo Luís Carlos Barreto) Tropicália, de que o derivaram, me soa não apenas mais bonito: ele me é preferível por não se confundir com o "luso-tropicalismo" de Gilberto Freyre (algo muito mais respeitável) ou com o mero estudo das doenças tropicais, além de estar livre desse sufixo ismo, o qual, justamente por ser redutor, facilita a divulgação com status de movimento do ideário e do repertório criados. No entanto, é com esse rabicho que a palavra aparecerá mais freqüentemente nas páginas que se seguem, uma vez que tudo isto aqui não passa de um esforço de divulgação internacional do gesto. De qualquer forma, apesar de algum protesto íntimo, há muito tempo que nós já admitimos o termo tropicalismo como eficaz operacionalmente.
Sou brasileiro e me tornei, mais ou menos involuntariamente, cantor e compositor de canções. Fui um dos idealizadores e executores do projeto da Tropicália.



Paz, Amor e Sgt Pepper

 





O Som da Revolução

 





1965 - O ano mais revolucionário da música

 

 

Paul McCartney

 




Bob Dylan

 





Uma História do Samba

 


João Gilberto

 


Erasmo Carlos

 


Tim Maia

 




Noites Tropicais

 


No Tempo de Noel Rosa

 




A Vida Louca da MPB

 



A Noite do meu bem

 



Encontra-se, à disposição, uma coletânea de Sambas-Canção que teve como definição de conteúdo a relação sugerida por Ruy Castro no seu livro "A noite do meu bem". As gravações, tanto quanto possível, são as originais, com seus respectivos interpretes ou, alternativamente devido a indisponibilidade, interpretes da época. Salienta-se que o apogeu deste gênero se verificou entre 1945 e 1965. Entre 1928 e 1945 temos a fase "pioneira" onde ainda não se rotulava o gênero como samba-canção. Após 1965 o gênero se confunde com a Bossa-Nova além de outras correntes nesta linha. São mais de 400 gravações!




A Era dos Festivais