teste

Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou senão para sair do inferno. (Antonin Artaud)

Dossiê das Matrizes do Samba



O presente trabalho, realizado no Rio de Janeiro entre janeiro e outubro de 2006, tem por objetivo reunir num dossiê textos teóricos e documentos que reforcem a importância para a cultura brasileira das matrizes do samba no Rio de Janeiro. O reconhecimento do samba de roda do Recôncavo Baiano como Patrimônio Imaterial da Humanidade, em 2005, motivou o Centro Cultural Cartola a analisar os variados estilos de samba no Rio de Janeiro, que se originaram nas reuniões musicais em casa de Tia Ciata, no Estácio, nas escolas de samba, nos blocos, nos morros, nas ruas, nos quintais. Não obstante existirem práticas musicais identificadas pelo termo samba, como o samba de roda do Recôncavo e o samba rural paulista, no panorama musical brasileiro o samba no Rio de Janeiro se destaca por ser um fenômeno cultural pujante que atravessou o século XX, passando de alvo de discriminação e perseguição nas primeiras décadas a ritmo identificado com a própria nação, a ponto de ser um de seus símbolos. 





Das Sinfonias ao Samba



As décadas de 1950 e 1960, demarcadas por um intenso crescimento urbano e por um contexto de efervescência cultural, que contava também com o amadurecimento da produção e da crítica cinematográficas no país, configuraram um momento de profícuo diálogo entre as cidades e suas representações cinematográficas na conformação de seus aspectos imaginários e indenitários. Os filmes urbanos, entretanto, não eram um consenso no período, já que parte da crítica acreditava que as raízes da verdadeira “brasilidade” residiam no ambiente rural, ainda não “corrompido” pelo cosmopolitismo metropolitano. Assim, além de pouco numerosos, os filmes que tratavam dos grandes centros urbanos praticamente se resumiam a duas localidades, cada uma dotada de uma composição identitária própria: Rio de Janeiro, capital federal até 1960, e São Paulo, que passava por um acelerado processo de urbanização e industrialização, e que viria se tornar a cidade mais populosa do país. Observa-se que a capital paulista, marcada desde muito cedo por um imaginário ligado ao “progresso” – aos avanços tecnológicos, à atividade industrial – teve nas Sinfonias Urbanas – filmes documentais realizados na década de 1920, que retratavam as cidades como ambientes universais, locus do artifício e da tecnologia, ritmadas pelo funcionamento ordenado da máquina – uma importante influência, que permaneceu relevante até meados da década de 1960, em filmes como Simão, o Caolho (Alberto Cavalcanti, 1952), Noite Vazia (Walter Hugo Khouri, 1964) e São Paulo Sociedade Anônima (Luis Sérgio Person, 1965). Já o Rio de Janeiro, cuja exuberância da paisagem natural foi constantemente evidenciada em suas representações cinematográficas da primeira metade do século XX, passou a ser representada como Metrópole – impactada pelos processos de modernização, para além do cartão-postal – apenas em meados da década de 1950. Através da análise dos filmes Rio, Quarenta Graus (Nelson Pereira dos Santos, 1954), Cinco Vezes Favela (Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman, 1962) e A Grande Cidade (Cacá Diegues, 1966), observa-se uma urbanidade marcadamente desigual e contrastante, que buscava se equilibrar sobre uma tênue linha entre ordem e caos. Para o Rio de Janeiro cinematográfico, adequar-se ao comando e ao ritmo da máquina não se mostrava uma resposta eficaz, sendo necessária a criação de mecanismos de resistência a essa ordem – muitas vezes encontrados no senso de comunidade presente no ambiente das favelas, representado pelas manifestações populares, em especial o carnaval e o samba.




Desbundados & Marginais



1969-74, no Brasil, foi um período marcado paradoxalmente pela forte repressão, censura e pelo extraordinário crescimento econômico impulsionado pelo próprio Estado autoritário. O ideário nacional-popular e as utopias revolucionárias que orientaram ações e projetos artísticos ao longo da década de 1960 se esvaíam com a consolidação da indústria cultural sob os “anos de chumbo”. Ao concentrar-me na MPB dos chamados marginais (ou “malditos”) e desbundados, com destaque para Jorge Mautner, Jards Macalé, Luiz Melodia, Sérgio Sampaio e Walter Franco, passando ainda pelos Novos Baianos, Secos & Molhados e por alguns daqueles egressos do tropicalismo, como Gilberto Gil, Gal Costa e Caetano Veloso, demonstro que a contracultura made in Brazil, não raras vezes tachada de escapista, alienada ou depressiva, não foi um simples mal-estar provocado pelo AI-5, tampouco uma semente mal plantada, em terras inóspitas, do fenômeno estadunidense. Pelo contrário: reinventando meios de lidar com a coerção, ganhou aqui uma porção de nomes, significados e um solo histórico suigeneris. A partir da análise de documentos de época, canções e discos selecionados, além de festivais e outras atividades em que os músicos e seus parceiros estiveram envolvidos, sem negligenciar suas relações com a indústria fonográfica e os diálogos que estabeleceram com demais artistas atuantes, defendo a hipótese de que as novas experiências, linguagens, práticas e valores abarcados pela polêmica palavra contracultura configuraram-se, no Brasil daquele contexto, como uma estrutura de sentimento, afinada com transformações políticas, econômicas e socioculturais tanto em âmbito nacional quanto internacional.





Bossa Nova - História, Som e Imagem



Este livro é um registro do que foi o mais importante movimento musical brasileiro, a Bossa Nova. Um movimento sem nenhum compromisso que não fosse, como se dizia na época “com o amor, o sorriso e a flor”. Um instante único na história da música, quando jovens compositores surpreenderam a vida do país com um novo som e uma nova mensagem de comportamento humano. Justamente, recuperar o clima e a intimidade daquele tempo é a intenção deste livro, que não pretende ser uma enciclopédia e nem uma fonte completa de verdade absoluta.




 

O que é que a baiana tem?




O que é que a baiana tem? — Dorival Caymmi na Era do Rádio é um ensaio crítico sobre o período que costuma ser chamado de Era do Rádio, sob a perspectiva geral da Música Popular Brasileira e sob a perspectiva de Dorival Caymmi, em particular. Por essa razão, por privilegiar o testemunho do artista, compositor da Música Popular Brasileira, outros aspectos importantes do período ficarão de fora, como a radionovela ou o radiojornalismo, por exemplo, pois não dizem respeito ao tema central deste trabalho. 
A Era do Rádio costuma compreender os anos de 1930, 1940 e início de 1950 e tem o rádio como veículo de comunicação catalisador de um complexo de comunicação de massa que, além do rádio propriamente dito, congrega vários setores, como a imprensa, o mercado fonográfico, o cinema, as editoras de música, as representações de classes, os teatros, clubes e outras tantas atividades correlatas dos profissionais envolvidos com o veículo e que tiveram grande crescimento no período. O rádio é o primeiro veículo de massa no território nacional e vai ter profundo impacto sobre a vida dos brasileiros e, em diversas oportunidades, sobre os destinos do país, sobretudo na primeira metade do século XX. A Música Popular Brasileira e toda a indústria que a acompanha ao longo do século XX muito provavelmente não teriam alcançado o grau de complexidade, sofisticação e desenvolvimento que obtiveram sem o rádio.



 

Os Reis da Voz




O rádio exerceu sobre a minha geração um fascínio só comparável ao que a televisão, o computador, a internet, o celular, o iPad e as redes sociais exercem sobre os meninos de hoje. O rádio era uma caixa de madeira, com inúmeras válvulas de variados tamanhos e cores, que transmitia fantasia, sonho e deslumbramento. O rádio nos obrigava a fazer constantes exercícios de imaginação, o que para nós era não só gostoso como natural. Ouvíamos a voz de uma radioatriz e, a partir desse estímulo único, mas essencial, nós, os ouvintes de todas as idades e sexos, ficávamos a imaginar como seria a dona daquela voz tão bela. Era como se apenas a voz que brotava do rádio nos bastasse, o resto ficava por conta dos nossos sonhos – e que sonhos! Não sei se os meninos de hoje são capazes de compreender o sentido, o alcance e a importância desse exercício de imaginação e sonho – tão condicionados estão pelos falsos encantos das telas, telinhas e telonas, que nos oferecem o prato já feito. A tecnologia nos roubou, pelo menos em parte, a capacidade de imaginar.




 

Sinal Fechado




Sinal Fechado, de Alberto Moby, é certamente uma das grandes contribuições à compreensão da História da Música Popular Brasileira. A obra, esgotada na sua primeira edição, de agora em diante, ao que parece, terá o sinal aberto para que este importante trabalho possa ser lido e consultado por todos aqueles que se interessam pela Música Brasileira. No entrecruzamento de uma História Cultural e de uma História Política, onde o que se busca é examinar os jogos de poderes e contrapoderes que afetaram a Música Popular Brasileira em dois períodos específicos da nossa história, a obra também pode ser considerada como um trabalho extremamente relevante de História Comparada, uma vez que se propõe a examinar comparativamente a inserção da Música Popular Brasileira em dois contextos diferenciados de ditaduras: o Período Vargas e a Ditadura Militar mais recente. O objetivo central do autor, assim poderia ser colocado, foi o de examinar – através da Censura mobilizada por estes dois governos ditatoriais contra a produção musical brasileira de sua época – as relações entre o Estado, a Sociedade e as práticas culturais relacionadas às atividades musicais. Mais particularmente ainda, trata-se de examinar as relações do Estado com a esfera da criação musical relacionada à Música Popular Brasileira.





 

Bossa Nova 50 Anos








 

Crossroads



In a suburban living room in 1967, two teenage rock ’n’ roll fans, happy to have the house to themselves on a Saturday night, slipped an LP onto the turntable and cranked up the volume. The record was not a predictable favorite by the Beatles or the Rolling Stones, but one by an American artist that they’d seen mentioned in articles about Britain’s most heralded electric guitarist, Eric Clapton. It was a live recording of a concert, and as the needle hit the grooves, the murmur of the audience seemed to fill the room. “Ladies and gentleman,” said the announcer, “how about a nice warm round of applause to welcome the world’s greatest blues singer, the king of the blues, B.B. King!”
B.B. King’s Live at the Regal was recorded in November of 1964 in front of an enthusiastic black audience in Chicago, and for a couple of white suburban kids, it made for thrilling, even exotic listening. King’s music was certainly different from the blues-rock Clapton was making with Cream. The choice of that record with my friend Paul reflects the way that many in the 1960s got introduced to the blues, the soulful bedrock of American music.



Songbook - Tom Jobim





 

Alguns Aspectos da MPB



A leitura dos textos revela-nos o estilo original que caracteriza a escrita do autor. A linguagem empregada oscila entre o tom jornalístico e o historiográfico, às vezes até poético, possibilitando ao leitor entrar em contato com as centenas de informações levantadas, as análises propostas e as conclusões de inúmeras pesquisas que Euclides Amaral realizou nos últimos anos. O livro é dividido em oito blocos dedicados a temas importantes que têm a música popular brasileira como eixo de articulação. A relação entre a poética da palavra cantada e a da palavra escrita predomina nos capítulos Os Letristas e A Herança do Provençal e A Nova Geração da MPB no Séc. XXI. A leitura crítica dessa relação é muito bem realizada, potencializando a figura do letrista da poética popular como um poeta tão sofisticado e histórica e esteticamente importante quanto os artistas do campo erudito.





 

Quem Samba Tem Alegria




Alegre e esquisito destino estava escrito. Não conseguiu mudar. Assis rima com feliz, mas também com infeliz. Andar pelos extremos sempre foi um traço fortíssimo da personalidade do nosso genial compositor, que com facilidade ia da timidez à extravagância. Ainda muito jovem, partiu para o Rio de Janeiro, já que a Bahia se tornara pequena diante da grandeza dos seus sonhos. Já tinha uma profissão, era protético, e com certeza dos bons, pois fazia com arte tudo que se propunha. Penetrar no meio artístico não foi nada fácil. Chegar perto de estrelas como Araci Cortes e Carmen Miranda para mostrar seus sambas e marchas levou tempo e demandou paciência. Mas ele sabia o que tinha nas mãos e foi à luta. 





Bossa Sempre Nova



A história da Bossa Nova é a história de uma geração. Uma geração de jovens artistas brasileiros que acreditaram no futuro e conseguiram realizar o sonho de levar sua música aos quatro cantos do mundo. As primeiras manifestações do que viria a ser conhecido como Bossa Nova, ocorreram na década de 50, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ali, compositores, instrumentistas e cantores intelectualizados, amantes do jazz americano e da música erudita, tiveram participação efetiva no surgimento do gênero, que conseguiu unir a alegria do ritmo brasileiro às sofisticadas harmonias do jazz americano. Ao se falar de Bossa Nova não se pode deixar de citar Antônio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, Candinho, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, os irmãos Castro Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Telles, Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros.




 

Da Bossa Nova à Tropicalia




Convencionou-se chamar bossa nova o estilo musical que se desenvolveu no Brasil principalmente a partir de 1958. Pelo que se depreende dos diversos relatos de pessoas que participaram dessa tendência, a bossa nova não se constituiu exatamente como um movimento. “Movimento” — cultural, estético ou político —, no sentido sociológico do termo, pressupõe um projeto coletivo veiculado através de programas, manifestos e atitudes performáticas. E não se pode dizer que os músicos e letristas que criaram o estilo musical bossa-novista — João Gilberto, Tom Jobim, Newton Mendonça, Carlos Lyra, Vinicius de Moraes, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e Nara Leão, entre outros — estivessem imbuídos desse tipo de espírito combativo, prontos para liquidar uma estética ultrapassada e fundar uma inteiramente nova, calcada na experimentação formal.






 

O Barquinho Vai



Não é necessário completar nenhuma linha do livro da Bruna com informações novas. Acho que ali está a pessoa que conheci de um lado da mesa, terminamos ficando do mesmo lado, no momento que eu mais precisava ele esteve comigo. Sim, é uma das pessoas mais talentosas que conheci. Sim, fez uma revolução na música. Sim, foi um excelente executivo. Sim, voltou para a estrada quando todos estavam se aposentando. Sim, continua mais criativo que nunca. E isso conta? Muitíssimo. Mas o que conta mais é sua atitude sempre ética, humana, colocando a amizade acima de tudo. Tive o privilegio de conhecê-lo em um momento muito importante de minha vida. Se não fosse ele e uma amiga, seguramente não estaria vivo hoje. Se estivesse vivo, seria uma pessoa deprimida, infeliz, frustrada. Portanto, não há nada neste mundo que pague o que Menescal fez por mim quando eu já não sabia o que fazer de mim mesmo. (Paulo Coelho)






 

MPB Na Era do Rádio




Ao abordar a música popular brasileira na era do rádio, este livro trata de um aspecto muito significativo da história de nosso povo. Este livro conta a história da música popular brasileira desde a gravação do primeiro disco no país até o momento em que chegou ao fim a chamada Era do Rádio. Ao percorrer toda essa trajetória, o leitor entrará em contato com grandes compositores, cantores e instrumentistas, e com os acontecimentos políticos e econômicos que influíram na evolução de nossa música.
Sérgio Cabral, autor de vários livros sobre a MPB e de incontáveis reportagens e artigos publicados em quase quatro décadas de jornalismo profissional, demonstra que os autores brasileiros nem sempre tiveram liberdade para lançar as suas músicas, mas que, apesar disso, se tornaram os responsáveis por uma das raras atividades em que o Brasil ocupa com destaque um lugar no Primeiro Mundo. Na música popular brasileira prevaleceu o talento do nosso povo.