... como se não bastassem as pressões de seu pai, Juazeiro estava ficando pequena demais para Joãozinho. Aos dezoito anos, que acabara de completar em junho de 1949, sentia-se preparado para voar longe com sua voz. A primeira escala teria de ser Salvador, aonde ia de vez em quando, de trem, com seu primo Dewilson. A viagem durava 24 horas pela Leste Brasileira, com pernoite em Senhor do Bonfim, e eles levavam bananas para comer no caminho. Nessas idas a passeio à capital limitava-se a flanar pela cidade e a namorar por fora os edifícios das estações de rádio — sem coragem para entrar e dizer que era cantor. Afinal, não sabia a quem procurar. Mas, em Salvador, moravam vários de seus primos importantes, como Jovino, Alípio e Yulo. Quando fosse morar lá, eles o ajudariam na única coisa de que precisava: penetrar numa daquelas estações. Sua voz faria o resto. Nas últimas rodas de violão sob o tamarineiro, assim que decidiu ir embora de Juazeiro, Joãozinho fazia um ar gaiato, abria os braços e, antecipando o que o esperava em Salvador, anunciava para os amigos:
“Champanhe, mulheres e música, aqui vou eu!”
E foi.
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